sábado, 17 de setembro de 2011

1960: Campeão do Torneio de Paris

Para comemorar 75 anos de sua fundação, o Racing Club de France, de Paris, idealizou em 1957 o Torneio Internacional de Paris. Para abrilhantar a festa, foram convidados três times que representavam grandes forças no momento. Naquela primeira edição, o campeão carioca Vasco batia o então bicampeão (posteriormente penta) Real Madrid por 4x3.

O torneio virou tradição, e se tornou uma das referências de grandes torneios disputados na Europa nos ditos "Anos Dourados" e teve um total de 30 edições. Consistia sempre em um torneio disputado, normalmente após o fim da temporada europeia, no estádio Parc des Princes com a participação de quatro equipes, que disputavam um "mata-mata" para chegar ao título (apenas em 2010 foi um quadrangular em pontos corridos). As primeiras dez edições (1957 a 1966) foram organizadas pelo Racing; em 1973 a competição retornou, mas organizada desta vez pelo Paris FC; e de 1975 a 1993 seria realizado com apenas uma interrupção, e organizado pelo Paris Saint-Germain, que com dificuldades financeiras abandonou o torneio. Este acabou sendo disputado mais uma vez em 2010, coincidentemente para comemorar o aniversário do anfitrião, o Paris Saint-Germain, que completava 40 anos.

Em junho de 1960, graças ao bom retrospecto anterior, o Santos foi convidado para jogar a quarta edição do certame. A exemplo das edições anteriores (e posteriores), entre as forças europeias havia também um clube brasileiro. O Peixe, que vivia sua melhor fase e que seria campeão paulista naquele ano, acabou por pintar a França de branco e preto. Primeiro venceu inapelavelmente o Stade de Reims por 5x3. Na final, dois dias depois, contra o time anfitrião, aplicou uma goleada para se tornar campeão do Torneio de Paris pela primeira vez.

Os participantes daquela edição foram:
  • Racing Club de France (clube anfitrião)
  • CDNA Sofia (atual CSKA Sofia - campeão búlgaro nas 7 temporadas anteriores ao torneio)
  • Stade de Reims (campeão francês de 1960, vice-campeão europeu em 1956 e 1959)
  • Santos Futebol Clube (vice-campeão brasileiro de 1959, campeão do Rio-São Paulo no mesmo ano; campeão paulista em 1955, 56 e 58, vice em 57 e 59)

Confira os jogos da competição:

07/06/1960 Racing Paris 2 x 0 CDNA Sofia

07/06/1960  Santos 5 x 3 Stade de Reims
Local: Estádio Parc des Princes - Paris/França
Árbitro: De Villières
Gols santistas: Coutinho (3), Pelé e Pepe
Santos: Laércio; Calvet, Mauro, Formiga e Zé Carlos; Zito e Mengálvio (Ney); Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe (Tite). Técnico: Lula

Vídeo:

Decisão do 3º lugar


09/06/1960 Stade de Reims 1 x 1 CDNA Sofia

FINAL

RACING C.F. 1 x 4 SANTOS F.C.
Data: 9 de junho de 1960
Local:
 Estádio Parc des Princes - Paris/França
Juiz: Maurice Frederic Guigue
Gols: Pelé aos 22' do 1º tempo e aos 11' do 2º; Pepe aos 26', Ujlaki aos 33' e Coutinho aos 42' do 2º tempo.
Racing: Taillandier; Lelong, Herbin e Marche; Tibari e J.J. Marcel; Grillet, Toena, Ujlaki, Senae e Heutte.
Santos: 
Laércio; Calvet (Getúlio), Mauro e Zé Carlos; Formiga e Zito; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe (Tite). Técnico: Lula

Vídeo:







Campanha do Santos:

sábado, 27 de agosto de 2011

1962: O Santos F.C. conquista o Mundo!

1962 foi um grande ano para o futebol brasileiro. O time que conquistara o título mundial na Suécia em 1958 era praticamente o mesmo para também repetir, no Chile, a conquista da Copa do Mundo. E não bastasse ter a melhor seleção nacional do mundo, o Brasil também teria naquele ano o melhor time do mundo que, como é de se imaginar, era uma das bases daquele selecionado inesquecível. O goleiro Gilmar, o zagueiro e capitão Mauro, Zito (que marcou um gol na final vencida por 3x1 diante da Tchecoslováquia), Pelé, Mengálvio, Coutinho e Pepe eram os atletas que conseguiriam o feito de alcançar o topo do mundo duas vezes num mesmo ano.
O ano do cinquentenário santista foi um dos mais especiais que um clube esportivo pode ter. Foi o ano em que o Santos Futebol Clube alcançou o máximo que um time de futebol pode alcançar: o título mundial. A temporada de 1962 representou um feito que até hoje nenhum clube brasileiro conseguiu igualar: só o Peixe conseguiu, num mesmo ano, ser campeão estadual, nacional, continental e mundial. O Peixe ganhou tudo o que disputou, e só não ganhou o Rio-São Paulo porque não disputou, pois dava show numa sequência de amistosos pela América do Sul no início do ano, se preparando para disputar - e vencer - a Copa Libertadores da América de 1962.

A época do futebol-arte vivenciava suas primeiras competições internacionais interclubes. No geral, o futebol só havia se desenvolvido na Europa e na América do Sul, continentes onde o futebol já se tornara profissional até os anos 30. Nos demais continentes, havia poucos campeonatos nacionais e clubes que não tinham nível para bater de frente com sul-americanos e europeus. A primeira competição continental a ser disputada com regularidade foi a Copa dos Campeões Europeus (hoje Liga dos Campeões da Europa), em 1955/56. Anos antes, o secretário geral da UEFA Henri Delaunay (falecido em 1954), que também fora dirigente da FIFA, pretendia repetir em âmbito clubístico o que já era feito pelas seleções nacionais: um campeonato mundial.
A ideia só se aplicou em 1960, quando se realizou a primeira edição do Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões, posteriormente rebatizada com o nome de seu troféu, a famosa Taça Libertadores da América. No final deste ano, os campeões sul-americano (Peñarol) e europeu (Real Madrid) se enfrentaram para decidir quem seria o primeiro time a ostentar a glória de ser o melhor do mundo, se saindo melhor o esquadrão espanhol que já havia sido pentacampeão europeu.
Vale a pena lembrar que as demais competições continentais se formaram mais tarde, e demoraram mais ainda para alcançar o nível de organização do eixo Europa/América do Sul: A CONCACAF (Américas do Norte, Central e Caribe) formou seu campeonato continental em 1962, mas só passou a organizá-lo com regularidade em 1967, tendo um "buraco" em 2001; na África, começou em 1964, mas só em 1966 a disputa foi rigorosamente anual; na Ásia, houve uma primeira edição em 1967, mas quatro anos depois a competição foi abandonada e só retornou pra ficar em 1986; na Oceania, onde até hoje o futebol é semi-profissional, houve uma primeira edição do certame continental em 1987, mas só se firmou na temporada 2004/05. É fácil deduzir que por muitos anos a presença de times destes continentes era insignificante para uma disputa a nível mundial (podemos até pensar nas primeiras Copas do Mundo, que tiveram a quase totalidade de seleções da Europa e das Américas), sendo que hoje este raciocínio já não se aplica mais, ainda mais com o recentíssimo exemplo do campeão africano Mazembe, que chegou à final do último Mundial, mas não fez frente à campeã Internazionale.
A disputa tinha o aval da FIFA, sendo substituída pelo modelo atual (com campeões de todos os seis continentes) apenas em 2005, portanto qualquer tentativa de negar a oficialidade da Copa Intercontinental (nome oficial do Miundial Interclubes) é infundada, assim como negar aos clubes campeões desta os títulos legítimos de campeões mundiais. Até 1979, a disputa do torneio se dava em jogos de ida-e-volta, até que no ano seguinte, com a entrada da Toyota como patrocinadora, o Mundial passou a ser em jogo único no Japão, até a extinção da fórmula bicontinental em 2004.


Voltemos agora a 1962. O fato é que, naquele momento, com fantásticas exibições em amistosos e torneios jogados na América Latina e Europa, o Santos vinha sendo considerado o melhor time do mundo, mas para provar esta fama, era necessário chegar ao cobiçado título mundial.

Na Europa, o português Sport Lisboa e Benfica conseguia quebrar a hegemonia do Real Madrid, que conquistou as cinco primeiras edições da Liga dos Campeões. Em 1961, o clube de Lisboa tinha o melhor plantel de sua história, e desbancou na decisão do campeonato europeu o F.C. Barcelona, o mesmo que acabara com o sonho do hexa do grande rival. Em 1962, o adversário era, enfim, o esquadrão do Real Madrid, à época comandado por Puskás e Di Stéfano, que tentava recuperar a hegemonia no Velho Mundo. Mesmo com três gols do lendário craque húngaro, o Benfica contava com seu artilheiro, Eusébio, o melhor jogador português de todos os tempos, que marcou dois tentos e comandou a vitória por 5x3 que valeu o bicampeonato ao fortíssimo quadro português, jogando em Amsterdã (Holanda). Vale lembrar que este time era a base da seleção de Portugal que terminou em 3º lugar na Copa de 1966, vencendo o Brasil inclusive, tendo o mesmo centroavante Eusébio se tornado artilheiro do certame.
Na América do Sul, um adversário que também vivia seu auge naquela época. Para chegar à disputa do Mundial Interclubes de 1962, o Santos Futebol Clube primeiro foi campeão paulista em 1960, para se classificar e vencer a Taça Brasil de 1961. Daí, a disputa pelo título continental se deu com outra quebra de hegemonia: clicando aqui você poderá ver como o Peixe superou o bicampeão Peñarol para conquistar a Copa Libertadores de 1962, vencendo a partida decisiva pelo placar de 3x0 em Buenos Aires.

Santos e Benfica já se conheciam: no ano anterior, na final do Torneio de Paris, o Peixe batia as Águias por 6x3, num jogo onde destacava-se a atuação do novato Eusébio, que entrou no 2º tempo, quando o Santos vencia por 5x0, e marcou 3 gols. Inclusive, para os europeus, o jovem moçambicano já era considerado um novo rei do futebol, pelas suas grandes atuações em pouco tempo de clube, somado ao fato de que Pelé havia se machucado na 1ª fase e ficou fora do restante da Copa do Mundo do Chile. Naqueles dois jogos, porém, provar-se-ia exatamente o contrário.

A disputa do Mundial Interclubes de 1962 se dava em dois jogos, sendo que quem somasse mais pontos seria o campeão. Em caso de empate em número de pontos, seria disputado um terceiro jogo, com a finalidade de desempatar a contenda.

O primeiro encontro entre os campeões europeu e sul-americano daquele ano se deu na noite de 19 de setembro de 1962, uma quarta-feira, no Maracanã. O Alvinegro não jogou um futebol muito inspirado, e venceu por 3x2 um jogo muito equilibrado, com Pelé (2 vezes) e Coutinho marcando para o time brasileiro, e Santana marcando os dois tentos portugueses.

Confira a ficha técnica e o raro vídeo com lances do jogo:

SANTOS F.C. 3 x 2 S.L. BENFICA
Data: 19 de setembro de 1962
Local: Maracanã - Rio de Janeiro/GB
Público: 86.047 pagantes - total de 94.129

Árbitro: Rubén Cabrera (Paraguai)
Gols: Pelé aos 31' do 1º tempo; Santana aos 8', Coutinho aos 19', Pelé aos 40' e Santana aos 43' do 2º tempo.
Santos: Gilmar; Lima, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Mengálvio; Dorval, Pelé, Coutinho e Pepe. Técnico: Lula 

Benfica: José Rita; Ângelo, Raul, Humberto, Cavem e Cruz; Coluna e Santana; José Augusto, Eusébio e Simões. Técnico: Fernando Riera
Vídeo: 

Com este resultado, o empate era o suficiente para o Alvinegro Praiano. Porém, os portugueses acreditavam, embasados no que ocorrera no jogo de ida, certamente na partida de volta, no Estádio da Luz, em Lisboa, o Benfica alcançaria a desejada vitória. Em três semanas, poderia surgir um novo campeão. Para os benfiquistas, a virada era possível, prova disso é que já eram vendidos ingressos para o 3º jogo, que estava programado para ocorrer no mesmo Estádio da Luz. Não tinham ideia do que viria. O camisa 10 do Santos e do Brasil foi provar mais uma vez que é o Rei do Futebol: simplesmente teve uma atuação inacreditável, talvez a melhor de sua brilhante carreira. Não só ele, mas sim todo o time santista, protagonizou aquela que é tida como sua melhor exibição na história, e valendo a honraria de ser indiscutivelmente conhecido como o melhor time do mundo.

Às 22:00 (horário de Lisboa - 19:00 em São Paulo) de 11 de outubro, uma quinta-feira, iniciava-se o segundo confronto entre Santos e Benfica. Para se ter ideia do que aquele jogo significou para o futebol brasileiro, pela primeira vez o programa de rádio A Voz do Brasil teve seu horário adiado para que as emissoras pudessem transmitir a partida. Vale a pena lembrar que o rádio era o meio de comunicação mais popular à época.
Desde o início do jogo, ambos os times buscam o ataque e criam oportunidades de gol. Mas só aos 17 minutos é que sai o primeiro gol, e é do Santos. Pepe avança pela esquerda e chuta cruzado; a bola passa pelo goleiro Costa Pereira e Pelé, com puro oportunismo, desvia de carrinho a bola para o fundo das redes, abrindo a contagem no marcador do Estádio da Luz.
Ao Benfica, restava tentar a virada, e o quadro português vai pra cima do Peixe, criando mais chances de gol. Ao mesmo tempo que conseguia arrematar, também a defesa santista evitava que mais oportunidades de empate surgissem, assegurando a vantagem parcial. Determinado a garantir o título, o Santos também partiu ao ataque, e aos 26 minutos, Zito toca para Pelé, que Deixa Cavem no chão e passa por mais dois portugueses antes de soltar uma bomba no canto esquerdo do goleiro. Golaço!
O gol esfria os ânimos da torcida local e também o ímpeto do time da casa. Com isso, o Alvinegro domina o jogo até o final do primeiro tempo, e por pouco a vantagem no placar não acaba maior. Ao fim do primeiro tempo, os desolados torcedores portugueses fazem ainda questão de aplaudir o time santista, que vinha dando show. E nos 45 minutos decisivos, teria bem mais...
O segundo tempo começa e o Santos já parte pra liquidar a fatura: aos 3', Pelé recebe de Lima e escapa de dois defensores, e ainda dá uma meia-lua em Cruz, fazendo um cruzamento rasteiro na medida para Coutinho, que nem precisa sair do lugar e só tem trabalho de empurrar a bola para o gol. 3x0 numa belíssima jogada. O título mundial estava garantido.
Os locais ainda se encontravam dispostos a, quem sabe, reverter a situação. Inútil. Quando conseguem transpor a defesa santista, simplesmente não atingem o alvo. O jogo fica bonito de se ver, bastante aberto, e nos 90 minutos, jogadas violentas são rara exceção. Um exemplo de Fair Play marcara a decisão do Mundial de 1962, e além disso, as obras-primas de Pelé continuavam a ser produzida em gramados portugueses: a vítima da vez foi Coluna, que tomou na sequência, uma meia-lua e uma "caneta" do Rei, em mais uma jogada que precederia um golaço. Sim, depois do show de dribles, Pelé aparece em velocidade no lado esquerdo, deixando três portugueses para trás e desferindo um potente chute de esquerda. Costa Pereira espalma, mas Pelé, voando baixo, rebate a bola para a meta benfiquista, marcando um gol antológico, o terceiro tento dele no jogo.
Com o passar do tempo, o Santos domina a partida, mas o orgulhoso campeão europeu ainda luta. E o jovem ponta-esquerda Simões aparece como a esperança de seu time, levando a melhor quase sempre no mano-a-mano contra o veterano lateral-direito Olavo, 34 anos, e levando algum perigo ao gol da equipe brasileira.
O cronômetro marcava 31 minutos e o Santos toca a bola. Um zagueiro do Benfica desarma, e a bola sobra tranquilamente para Costa Pereira segurar. Porém, o arqueiro português escorregou na grama e não segurou a bola, que sobrou de graça para Pepe marcar, segundo ele, o gol mais feio de sua carreira. O campeão sul-americano já vencia por 5x0, fora o espetáculo. E ainda o Santos pressionava, buscando dilatar ainda mais a irreversível diferença no placar.
Porém, a luta e a vontade das Águias seria recompensada: nos minutos finais, Eusébio e Simões balançariam as redes de Gilmar, descontando a goleada, mas isto ainda seria insignificante diante da atuação histórica dos santistas, que após o apito final, pôde ter, definitivamente, o mundo a seus pés. Os europeus não tiveram escolha senão se curvar diante da realeza da bola, que se apresentou de maneira ímpar naquela histórica noite.

Confira a ficha técnica e o vídeo sobre o grande jogo:

S.L. BENFICA 2 x 5 SANTOS F.C.
Data: 11 de outubro de 1962
Local: Estádio da Luz - Lisboa (Portugal)
Público: cerca de 80.000

Árbitro: Pierre Schwinte (França)
Gols: Pelé aos 17' e aos 26' do 1º tempo; Coutinho aos 3', Pelé aos 19', Pepe aos 31', Eusébio aos 41' e Simões aos 44' do 2º tempo.
Benfica: Costa Pereira; Jacinto, Raul, Humberto, Cavem e Cruz; Coluna e Santana; José Augusto, Eusébio e Simões. Técnico: Fernando Riera
Santos: Gilmar; Olavo, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Lima; Dorval, Pelé, Coutinho e Pepe. Técnico: Lula 
Vídeo: 


Este pode, com méritos, ser chamado de "time dos sonhos" do Santos Futebol Clube. Corresponde ao onze selecionado para o primeiro jogo da final do Mundial Interclubes de 1962, realizado no Maracanã.
Em pé: Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gilmar e Mauro. Agachados: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
No segundo jogo, Mengálvio não jogaria em virtude de lesão, entrando em seu lugar o lateral-direito Olavo, deslocando Lima para o meio-campo.

Estes dois troféus, que representam as conquistas das Copas Intercontinentais de 1962 e 1963 pelo Santos F.C., são também os dois primeiros títulos mundiais de clubes conquistados por times brasileiros.


Fontes:
Cunha, Odir. Donos da Terra: a história do primeiro título mundial do Santos. Realejo, Santos (2007)
http://pt.wikipedia.org/

quinta-feira, 14 de abril de 2011

99 anos de Santos F.C.

Em 14 de abril de 1912, uma reunião no Clube Concórdia, em Santos, definiu a criação de um clube para a prática do futebol na cidade. Dentre várias propostas de nomes para o clube, a ideia de Edmundo Jorge Araújo foi aceita com unanimidade: batizar o clube com o nome da cidade. Nascia o Santos Futebol Clube.

Nestes 99 anos, a agremiação conquistou seu espaço e se tornou uma das maiores do Brasil e do mundo. Veja abaixo alguns dos feitos realizados pelo Alvinegro da Vila Belmiro:

  • O Santos é simplesmente o recordista mundial em gols marcados em toda a história do futebol. Em 5.509 partidas disputadas até hoje, o melhor ataque de todos os tempos marcou 11.662 gols. É também, o clube que fez mais gols em um mesmo ano - 342 gols em 99 partidas em 1959.
  • Em 20 de janeiro de 1998, o Peixe se tornou o primeiro time do mundo a alcançar a marca de 10.000 gols marcados, no jogo Villa Nova (MG) 3 x 4 Santos, pela Copa do Brasil. O autor do gol histórico foi o meia Jorginho, hoje técnico da Portuguesa. Em 26/10/2005, o tento do centroavante Geílson fez o clube ser também o primeiro time a romper a marca de 11.000 gols, no jogo Vasco 1 x 3 Santos, pelo Brasileirão.
  • No Campeonato Paulista de 1927, o Alvinegro passou a ser o primeiro time sul-americano a atingir a marca de 100 gols numa mesma competição. O famoso "ataque dos 100 gols" também é a campanha com maior média de gols em um Campeonato Paulista, sendo marcados naquela oportunidade 100 gols em apenas 16 jogos: média de 6,25 gols por jogo.
  • Em 2004, o Santos se tornou o time que mais marcou gols em uma mesma edição do Campeonato Brasileiro; os campeões chegaram ao recorde de 103 gols em 46 jogos. Em 2010, o time virou recordista em número de gols marcados numa mesma edição da Copa do Brasil. Novamente numa campanha vitoriosa, o Peixe balançou as redes 39 vezes em 11 jogos.
  •  Em 1958, mais um recordes santista: a equipe alvinegra é o campeão paulista com mais gols marcados em uma edição do certame, com 143 gols em 38 jogos. 
  • Em 1959, o Peixe chegou a uma marca imbatível: é o time que mais marcou gols em uma edição do Campeonato Paulista, com 155 gols em 41 jogos. Porém, o campeão daquele ano foi o Palmeiras.
  • Outra marca imbatível é de Pelé, que com 58 gols, é o atleta que mais marcou gols em uma mesma edição do Campeonato Paulista. O Santos, aliás, é o celeiro dos matadores do Paulistão: além do recorde citado, o 2º, 3º, e 4º lugares também ficam com o Rei, que marcou respectivamente 49 gols em 1965, 47 gols em 1961 e 44 gols em 1959. O 5º lugar é do também santista Feitiço, que marcou 39 gols em 1931.
  • o Santos é o único time a conquistar títulos das esferas estadual, nacional, continental e mundial numa mesma temporada - em 1962.
  • Em 1930, após a Copa do Mundo do Uruguai, a seleção da França passou pelo Brasil durante o longo caminho de volta, de navio. Pararam no Porto de Santos e enfrentaram um time local. Foi o primeiro jogo do Santos contra uma seleção nacional, e os franceses foram recebidos com um sonoro 6x1, que os fez acreditar que tinham enfrentado a própria Seleção Brasileira!
  • O Santos é o único clube brasileiro cujo 2º maior artilheiro supera o goleador número um de oito grandes equipes do futebol nacional – Pepe com 405 gols. Além disso, o 3º maior artilheiro do Santos, Coutinho, marcou pelo Alvinegro 370 gols, mais que os maiores artilheiros do Trio de Ferro (Cláudio marcou 306 pelo Corinthians, Heitor fez 284 pelo Palmeiras e Serginho Chulapa balançou as redes 242 vezes pelo São Paulo).
  • Em 1965, o Santos tinha um dos elencos mais brilhantes da história do futebol. Na disputa pelo título do Torneio Pentagonal de Buenos Aires, o hoje idolatrado e badalado Real Madrid já não tinha mais a base do timaço que, dentre tantos títulos, foi campeão do mundo de 1960. E o adversário dos merengues era o esquadrão santista. Com medo de ser humilhado, o Real Madrid desistiu de encarar o Santos, que acabou campeão.
  • As conquistas de 1962 e 1963 tornaram o Santos o primeiro time a ser bicampeão do mundo. Até hoje, somente três clubes conseguiram um bicampeonato mundial: Internazionale, em 1964-65, Milan em 1989-90 e São Paulo em 1992-93.
  • O Santos F.C. é o único time brasileiro que jogou em todos os continentes. Só não jogou na Antártida pois lá não existe estádio de futebol.
  • O Peixe é o único time brasileiro a conquistar 9 títulos oficiais consecutivos, a saber: campeão paulista e brasileiro em 1961, campeão paulista, brasileiro, da Libertadores e mundial em 1962, campeão do Rio-São Paulo, campeão da Libertadores e do Mundial em 1963. A sequência foi quebrada quando o Palmeiras levou o Paulistão no final de 1963, dias antes do Santos se sagrar tricampeão brasileiro.
  • O Santos é o time que conquistou mais títulos paulistas numa mesma década: de 1960 a 1969, foram 8 conquistas. Além disso, o clube ostenta a marca de incriveis 11 títulos em 15 disputas entre 1955 e 1969.
  • O clube ostenta o recorde de 23 títulos oficiais na mesma década
  • Com 34 títulos, o Santos é, ao lado do São Paulo, o time brasileiro mais laureado internacionalmente. Em conquistas oficiais, só o SPFC está à nossa frente, com 11 títulos deles contra 7 nossos.
  • Ao lado de Palmeiras e Corinthians, o Santos é o maior campeão do maior torneio interestadual do país, o Torneio Rio-São Paulo, com 5 títulos.
  • Ao lado do Palmeiras, o Santos é o time que mais vezes foi campeão brasileiro. Além disso, ostenta o recorde de mais conquistas consecutivas do Campeonato Nacional: um pentacampeonato entre 1961 e 1965. Estes títulos também conferem o Santos o feito de ser o primeiro pentacampeão brasileiro.
  • O Santos é o o clube com o maior número de artilheiros do Campeonato Paulista. Os jogadores santistas foram os maiores goleadores da competição 21 vezes, 10 consecutivas entre 1957 e 1966 (Pelé de 1957 a 1965 e Toninho Guerreiro em 1966), outro recorde.
  • O Santos é o clube que teve mais vezes um mesmo jogador artilheiro de um mesmo campeonato oficial - Pelé foi artilheiro do Campeonato Paulista em 11 oportunidades.
  • Mauro, em 1962, e Carlos Alberto Torres, em 1970: Em dois dos cinco títulos mundiais do Brasil, quem levantou a Copa do Mundo foi um jogador do Santos.
  • O Santos é dono da melhor campanha em excursão contínua em território nacional – foi de novembro de 1946 a fevereiro de 1947 no Norte e Nordeste do Brasil, com 12 vitórias e 3 empates.
  • O Santos é o primeiro e único clube brasileiro a ter 21 jogadores a ultrapassar a marca dos 100 gols.
  • O Santos é o clube que mais público atraiu jogando como mandante, porém fora de sua sede, contra uma equipe estrangeira – 132.728 pessoas em 1963 contra o Milan, da Itália, no Maracanã. Este foi, também, o maior público no Maracanã em um jogo que não envolvia um time carioca ou a seleção brasileira.
  • É o único clube das Américas que viu seu time feminino conquistar um campeonato continental
  • O Santos é o clube que teve o maior número de artilheiros em competições organizadas pela CBD/CBF: 11 (10 pelo Brasileiro e 1 pela Copa do Brasil)
  • Vestiu a sua camisa ninguém mais que o melhor jogador de futebol de todos os tempos, o Atleta do Século: Pelé, que esteve no clube desde o início de sua carreira profissional e permaneceu por 18 anos, entre 1956 e 1974. Além de ser o jogador profissional com mais gols na carreira, torna o Santos o único clube no mundo que tem um jogador que marcou mais de 1.000 gols defendendo suas cores: foram 1.091 gols em 1.115 partidas. E também o único que tem dois jogadores que marcaram mais de 400 gols (Pepe, o 2º maior artilheiro, marcou 405).
  • O Santos é o único time do mundo que foi capaz de paralisar uma guerra. Em 1969, as conquistas e fama do Santos eram tão grandes que, numa excursão à África, as forças armadas de Kinshasa e Brazzaville, no Congo, suspenderam a guerra para que as duas cidades pudessem assistir aos jogos do time. No período em que o Santos esteve por lá, nenhum tiro foi disparado. Após as partidas e as homenagens, a delegação santista foi escoltada ao aeroporto, e após deixar o país, a guerra recomeçou. Este fato fez lembrar o sonho do Barão Pierre de Coubertin ao fazer renascer os Jogos Olímpicos no século XX, pois era costume na Grécia Antiga a decretação de um armistício quando da realização dos jogos olímpicos da época.

Enfim, 99 anos banhados de glórias. Parabéns, Santos!!!

E que venha hoje um presente para a nação santista: uma vitória hoje contra o Cerro Porteño, pela Libertadores.


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Santos_Futebol_Clube

    sexta-feira, 1 de abril de 2011

    01/04/2008: Santos 7 x 0 San José (BOL)

    O dia é da mentira, mas a goleada é de verdade!

    Há exatos 3 anos, acontecia nossa disputa mais recente pela Taça Libertadores da América. Não havíamos começado tão bem, após empatar por 0x0 com o Cúcuta (fora), vencer no sufoco o Chivas Guadalajara por 1x0 na Vila e depois perder por 2x1 para o San José na altitude de 3.700 m de Oruro, na Bolívia.
    Mas no segundo turno da fase de grupos, e jogando em casa, o Santos reagiu e se vingou com estilo do time boliviano. O clube do coração do presidente Evo Morales mostrou que só jogava com o fator ambiental a seu favor e não ofereceu resistência. Por outro lado, o meia Mauricio Molina fez sua melhor partida com a camisa do Peixe e marcou 4 gols, sendo importantíssimo para construir a maior goleada da Libertadores 2008, vencida pela LDU. Foi também a segunda maior goleada de um time brasileiro na história da Copa Libertadores, atrás apenas de outra vitória santista na Vila Belmiro, por 9x1 sobre o Cerro Porteño em 1962.



    Com show de Molina, Santos faz 7 e encosta no líder
    O Santos contou com a boa atuação e quatro gols marcados pelo meia colombiano Molina para aplicar a maior goleada da edição deste ano da Libertadores da América. A equipe bateu os bolivianos do San José por 7 a 0 na noite de hoje, na Vila Belmiro, e se aproximou da primeira posição do Grupo 6 da competição continental.
    Com a vitória, a segunda no torneio, os comandados do técnico Emerson Leão superaram a recente eliminação do Campeonato Paulista e foram aos sete pontos no grupo, permanecendo um atrás do Cúcuta Deportivo, da Colômbia, que segue na ponta.
    Ao mesmo tempo em que se aproximou da vaga nas oitavas-de-final da Libertadores, o Santos bateu um dos seus principais rivais à próxima fase. Com a derrota, os bolivianos permanecem na terceira posição, com quatro pontos, à frente apenas dos mexicanos do Chivas Guadalajara, que têm um a menos.
    Atuando diante de um adversário que não apresentou resistência em momento algum da partida, o time da Baixada criou chances de abrir o placar já nos primeiros minutos. Aos 7min, Wesley dominou sozinho dentro da área, mas finalizou mal, por cima da meta boliviana.
    Porém, a equipe alvinegra não demorou para balançar as redes. Dez minutos depois da chance desperdiçada, o zagueiro Domingos aproveitou bom cruzamento do lateral Kléber e subiu sozinho para cabecear contra a meta do goleiro Vaca.
    Empurrado pelo público presente na Vila Belmiro, o Santos partiu para cima e começou a construir a goleada cinco minutos depois com o meia Molina. O colombiano dominou na entrada da área, tirou da marcação e finalizou com a perna esquerda.
    Com liberdade para criar e sem ter o gol de Fábio Costa ameaçado, os donos da casa encontravam muita facilidade e ampliaram aos 32min. Após cruzamento de Wesley, a zaga boliviana se atrapalhou para afastar e devolveu nos pés de Molina. O meia bateu colocado com a perna esquerda e estufou as redes novamente.
    No minuto seguinte, a situação do San José se complicou ainda mais, quando perdeu o zagueiro Palacios. O jogador do San José cometeu dura falta em Kléber e acabou expulso pelo árbitro uruguaio Líber Prudente, deixando seu time com um a menos.
    Na volta do intervalo, o time de Leão não diminuiu o ritmo e continuou pressionando os adversários. Aos 18min, em nova assistência de Kléber, Molina completou cruzamento de primeira e acertou o ângulo dos bolivianos, sem chance de defesa para o goleiro Vaca.
    Após as entradas de Tiago Luís, Fabão e Quiñonez, nas vagas de Wesley, Denis e Rodrigo Tabata, a equipe da casa passou a ameaçar os bolivianos com menos frequência e só voltou a balançar as redes aos 34min, quando o artilheiro Kléber Pereira, em posição de impedimento, escorou cobrança de falta pela esquerda e anotou o quinto dos santistas.
    Dois minutos depois, o equatoriano Quiñonez aproveitou a oportunidade de Leão e deixou o seu gol, o primeiro com a camisa do Santos. O atacante tabelou com Kléber, que teve participação direta em quatro gols, e chutou forte da esquerda.
    Antes do apito final, aos 41min, ainda deu tempo de Molina deixar mais um nas redes adversárias. O meia foi acionado no setor direito do ataque santista, cortou a marcação para o meio e finalizou cruzado, com a perna esquerda, anotando o seu quinto gol na competição. Com a boa atuação, o colombiano passa a ser o artilheiro da Libertadores, ao lado dos cruzeirenses Marcelo Moreno e Ramires.
    Na próxima quarta-feira, o Santos volta a entrar em campo no torneio continental contra o Chivas, na cidade mexicana de Guadalajara. Um dia antes, o San José tenta a recuperação em casa diante do líder Cúcuta, em Oruro.
                                                                                                                                        
    Molina foi o nome do jogo ao balançar as redes 4 vezes na goleada santista

    (Retirado de: http://esportes.terra.com.br/futebol/libertadores2008/interna/0,,OI2722742-EI10786,00.html - 01/04/2008)


    Confira a ficha técnica e dois vídeos com os gols do jogo. O primeiro mostra uma reportagem do dia seguinte e o segundo mostra os gols muito bem filmados direto da arquibancada do Estádio Urbano Caldeira:

    SANTOS F.C. (Brasil) 7 x 0 C.D. SAN JOSÉ (Bolívia)
    Local: Estádio Urbano Caldeira (Vila Belmiro), em Santos (SP)
    Data: 1° de abril de 2008, terça-feira
    Horário: 20h30 (de Brasília)
    Árbitro: Líber Prudente (Uruguai)
    Assistentes: Pablo Fandiño e Mauricio Espinoza (ambos do Uruguai)
    Público: 8.340 pagantes
    Cartões amarelos: Kléber Pereira (Santos-BRA); Sandro Coelho e Alex da Rosa (San José-BOL)
    Cartão vermelho: Palacios (San José-BOL)
    Gols: Domingos aos 17' e Molina aos 22' e 32' do 1º tempo; Molina aos 18', Kléber Pereira aos 34', Quiñónez aos 36', e Molina aos 41' do 2º tempo.
    Santos: Fábio Costa; Denis (Fabão), Betão, Domingos e Kléber; Marcinho Guerreiro, Rodrigo Souto, Rodrigo Tabata (Quiñónez) e Molina; Wesley (Tiago Luís) e Kléber Pereira. Técnico: Emerson Leão
    San José: Vaca; Parada, García, Palacios, De Castro e Alvarenga; Rivera, Coelho, Peña (Saucedo) e Cerutti (Morejón); Alex da Rosa (Palavicini). Técnico: Marcos Ferrufino
    (Fonte: http://fichadojogo.wordpress.com/2008/05/28/2ª-fase-grupo-6/)


    sábado, 5 de fevereiro de 2011

    15/01/2011: Um dia alvinegro

    O 15º dia deste ano foi, sem dúvidas, santástico. O Alvinegro fez barba, cabelo e bigode neste sábado de sol.

    Os juniores fizeram mais na primeira fase do mata-mata, contra o América/RN, do que nos três jogos da fase de grupos da Copa São Paulo. Venceu por 5x0 e se classificou às oitavas-de-final.

    O time feminino, comandado pela "penta melhor do mundo" Marta, conseguiu, de virada, vencer o bom time do Foz Cataratas e conquistou o Torneio Internacional Interclubes, sob o sol escaldante de Araraquara, que desafiaria a resistência física de qualquer ser humano. De fato, todas as jogadoras que estiveram em campo na decisão são grandes guerreiras, mas foram as Sereias da Vila que se saíram melhor. Confira os lances do jogão:


    Para completar, o dia 15/01 também marcou o início do Campeonato Paulista. Os campeões das séries A-2 e A-1 de 2010, Linense e Santos, se enfrentaram em Lins. Mesmo sem alguns jogadores que certamente estariam entre os titulares, o Peixe goleou por 4x1, com direito a defesa de pênalti de Rafael. O time mantém a doce rotina de 2010. Confira os gols:


    Segue a ficha técnica da vitória do Santos na 1ª rodada do Paulistão 2011 (fonte: http://globoesporte.globo.com/jogo/paulista-serie-a-2011/15-01-2011/linense-santos.html):

    quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

    Jogos históricos: Santos x Corinthians - Campeonato Brasileiro 2002

    Não há quem não se lembre da grande partida que decidiu o Campeonato Brasileiro de 2002: Corinthians 2 x 3 Santos, no Morumbi. E estes foram os relacionados para a bela virada, final do último Brasileirão com mata-mata até hoje.
    Em pé: Alex, Preto, Pereira, Fábio Costa, Renato, Maurinho, Rafael, André Luís e Paulo Almeida.
    Agachados: Alexandre, Douglas, Diego, Michel, Robert, William, Léo, Robinho e Elano.

    Este jogo ainda está bem fresco na memória dos torcedores santistas. E também de muitos corinthianos. A diferença é que nós é que saímos vitoriosos. Completam-se 8 anos de um grande duelo que marcou o último Campeonato Brasileiro antes da atual Era dos Pontos Corridos. Naquele ano surgia mais uma geração que mereceu o título de Meninos da Vila, com jogadores que, não muito tempo depois, passariam pela seleção nacional, como o zagueiro Alex, o volante Renato, os meias Diego e Elano, e o atacante Robinho. O mesmo time-base acabou vice-campeão da Taça Libertadores no ano seguinte.

    Os títulos mais recentes do Santos eram o Torneio Rio-São Paulo de 1997 e a Copa Conmebol de 1998. Com exceção destas duas conquistas, o Peixe não vivia grandes momentos e, por vezes ocorriam derrotas traumáticas. Às vésperas da grande final do Brasileirão '02, ainda estava engasgada a eliminação nas semifinais do Paulistão de 2001, com um gol de Ricardinho que decidia a a partida a favor do rival Corinthians. Era a chance de vingança contra o tradicional adversário.
    Era comum, também, falarem num tabu de 18 anos sem títulos, o que não é verdade, uma vez que o tabu durou de 1984 a 1997, portanto o Santos já havia quebrado no Rio-São Paulo a péssima fase de 13 anos sem levantar um caneco de um campeonato oficial.

    Este foi mais um duelo que marcou época, foi a consolidação de uma nova geração de craques, que ficará eternizado na memória de muitos torcedores (inclusive eu) e que confirmou tudo o que foi feito no "mata-mata", durante o qual mostramos que éramos melhores, desbancando favoritos e chegando ao tão sonhado título brasieiro, que não era vencido pelo Santos F.C. desde 1968. Os dois jogos da última final de Brasileirão até os dias atuais foram também o auge do último tabu do clássico Santos x Corinthians, no qual o Santos ficou 11 jogos seguidos sem perder para o rival, no decorrer de quase 4 anos. Já em 2002, tal escrita se iniciava, com vitórias santistas por 1x0 pelo Torneio Rio-São Paulo e por 3x1 em um amistoso.


    O campeonato:

    O Campeonato Brasileiro de 2002 - Série A era composto por 26 clubes, que na primeira fase jogariam entre si em turno único. As oito melhores equipes desta fase passavam às quartas-de-final, posteriormente semifinais e final. A segunda partida dos confrontos eliminatórios era disputada na casa do time de melhor campanha na primeira fase, que também tinha a vantagem do empate na soma dos resultados.
    Durante a fase inicial, o Peixe alternou bons e maus momentos. Entre os bons, uma sequência invicta de 8 partidas, na qual goleou o Cruzeiro no Mineirão por 4x1 (resultado este que deixou o Santos na vice-liderança). O bi-mundial também não deu chances ao Flamengo numa convincente vitória por 3x0 e bateu com facilidade o Corinthians por 4x2, com direito a gol de bicicleta de Alberto, no Pacaembu. Este último se tornaria futuramente uma prévia da decisão que estaria por vir (veja vídeo do jogo abaixo):



    No decorrer da competição, o time viu seu rendimento cair: no jogo que valeria a liderança do campeonato, o Santos encarou o São Paulo no Morumbi e acabou perdendo por 3x2. Na rodada seguinte, o Peixe perdeu pela primeira vez em casa, pra futuramente rebaixada Portuguesa, por 2x1. Depois, em Belém, a terceira derrota seguida, agora para o Paysandu: 2x1, jogo este que acabou em confusão.
    Apesar disso, o Alvinegro estava com a classificação quase certa, a duas rodadas do final. Mesmo perdendo para a Ponte Preta na penúltima rodada (3x1 em plena Vila Belmiro), o Peixe era o sexto colocado e dependia apenas de um empate no último jogo para se garantir no G-8. Recordo-me que eram 99,76% de chances matemáticas de classificação. Porém, o já classificado São Caetano impôs um revés quase fatal: os demais resultados conspiravam para que aqueles insignificantes 0,24% se tornassem realidade, menos um, o jogo que nos salvou: o Coritiba, a esta altura, dependia de uma vitória para passar o Santos; os dois ficariam com 39 pontos, com o Coxa garantindo a última vaga por ter maior número de vitórias. Mas futebol é uma caixona de surpresas e o já rebaixado Gama venceu os paranaenses por 4x0. Como diria o programa Fantástico, da Globo, naquele dia: "Perder e ser feliz". O Santos era o 8º colocado, com 39 pontos, rumo às quartas-de-final, sendo superior ao Cruzeiro (9º) apenas no saldo de gols.
    Se na primeira fase, o Santos teve sorte de campeão, no mata-mata, o futebol é que foi de campeão. Nas quartas-de-final o adversário era o líder São Paulo, que sobrou nos pontos corridos (52 pontos), mas não resistiu à decisão de fato: o San-São acabou com duas vitórias santistas, por 3x1 na Vila e 2x1 de virada no Morumbi.
    Nas semifinais, o adversário era o Grêmio, 5º colocado na primeira fase (41 pontos). Alberto fez dois gols e Robinho completou o show com um de cobertura. Com o 3x0 na vila mais famosa do mundo, o gol solitário de Rodrigo Fabri no Olímpico não foi o suficiente: faltaram mais dois para os tricolores gaúchos, o Santos chegava à final do Brasileirão.

    O Corinthians pretendia repetir no campeonato mais importante do país o sucesso do 1º semestre, quando conquistara o Torneio Rio-São Paulo e a Copa do Brasil. Fez uma boa primeira fase, se classificou com antecedência e completou as 25 rodadas iniciais no 3º posto, com 43 pontos. Nas quartas-de-final, eliminou o sexto colocado Atlético/MG com um 6x2 no Mineirão, com quatro gols de Deivid, e depois um 2x1 no Pacaembu. Nas semifinais, foi mais difícil: perdeu para o Fluminense no Maracanã por 1x0 no jogo de ida, mas na segunda partida, Guilherme fez o hat-trick e o Corinthians venceu por 3x2, se classificando por ter a melhor campanha (o Fluminense foi o 7º colocado, com 40 pontos).


    O primeiro jogo:

    Àquela altura, o sentimento dos santistas era o oposto daquele do começo da temporada. Um time que começava o campeonato nacional desacreditado e havia formado um elenco cheio de jovens atletas, muitos formados no clube, pensando em se livrar do rebaixamento, estava agora na final. De outro lado, os corinthianos estavam confiantes em um terceiro título no ano.
    O Morumbi era o palco dos dois jogos da decisão, que ironicamente reunia os carrascos do São Paulo em 2002.

    A primeira partida havia começado embaixo de chuva, mas isso não atrapalhou o espetáculo. O Santos, nos primeiros minutos, já havia criado três oportunidades de gol, e aos 15', um dos heróis do título, Alberto, recebeu belíssimo passe de Diego e tocou no meio das pernas do goleiro Doni, pondo sua marca no placar.
    Alberto foi o artilheiro do Santos no Campeonato Brasileiro de 2002, com 12 gols, 4 deles na fase de mata-mata. Foi dele o 1º gol da primeira partida da final.

    Aos 28', Guilherme mostrava que não era o dia dele, assim como uma semana depois também não seria. Na primeira chance boa do time da capital, o centroavante mandou por cima. No primeiro tempo, não haveriam outros momentos de destaque, fora o gol bem anulado de Alberto aos 35 minutos, após uma jogada interessante.
    No início do segundo tempo, foi a vez do Corinthians partir pra cima. O time de Parque São Jorge levou perigo ao gol defendido por Fábio Costa em algumas oportunidades, dando emoção ao jogo, como aos 14', quando Deivid deu uma meia-lua no zagueiro, mas o arqueiro santista interviu bem. Aos 15 minutos e meio, Robinho recebe de Diego, consegue passar por Doni, mas é desarmado antes que pudesse finalizar. Foi o primeiro grande momento santista na segunda etapa.
    O tempo passava e tanto Santos como Corinthians iam tendo oportunidades de mexer o placar, mas em vão. O Peixe começou a crescer novamente no embate: aos 30', Diego quase faz por cobertura; aos 32', após escorregão de Doni, quase a bola entra na cabeçada de Alex. No minuto seguinte, Robinho é puxado dentro da área, mas o árbitro não marca o pênalti claro.
    Se nos primeiros 15 minutos pós-intervalo, só dava Corinthians, nos últimos 15 só deu Santos. O time de preto não conseguia mais acertar passes, e o 1x0 parecia cada vez mais o resultado definitivo. Porém aos 43 minutos, Kléber cobra lateral para Fabrício, que dá um presente para Robinho. O menino de 18 anos retribuiu servindo com categoria Renato, que chuta com classe na saída de Doni. A bola ainda toca na trave antes de entrar. Daí já não dava tempo pra mais nada: o Santos revertia a vantagem corinthiana e podia agora até perder por 1 gol de diferença no jogo decisivo.

    Confira a ficha técnica do 1º jogo da final:

    SANTOS F.C. 2 x 0 S.C. CORINTHIANS P.
    Data: 8 de dezembro de 2002
    Local: Estádio do Morumbi - São Paulo/SP
    Árbitro: Antônio Pereira da Silva
    Gols: Alberto aos 15' do 1º tempo e Renato aos 43' do 2º.
    Cartões amarelos: Preto, Alberto e Renato (Santos).
    Santos: Fábio Costa; Michel, Preto, Alex e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego; Robinho e Alberto. Técnico: Émerson Leão
    Corinthians: Doni; Rogério, Fábio Luciano, Scheidt e Kléber; Vampeta, Fabrício e Renato (Leandro); Gil, Deivid (Marcinho) e Guilherme. Técnico: Carlos Alberto Parreira
    Melhores momentos:  


    Um jogo digno de uma final

    Voltamos no tempo há exatos 8 anos e mais algumas horinhas. O país do futebol, que 5 meses e meio antes se tornara pentacampeão do mundo no esporte, presenciava a final de seu principal campeonato nacional. Era o melhor futebol do mundo descobrindo qual era o seu melhor time. Melhor do que uma grande final, era um clássico, e nada mais do que 9 títulos brasileiros em campo.
    A missão do Corinthians era dura: vencer por pelo menos dois gols de diferença. Era certeza de entrega até o fim por parte dos jogadores e apoio total da torcida. Já os santistas queriam não só o suficiente para ser campeão, como gostariam de vencer mais um clássico. Desde o princípio, eram os nervos à flor da pele e 75 mil torcedores lotando o Morumbi para uma final épica.
    O árbitro era Carlos Eugênio Simon, o mesmo que foi à Copa do Mundo e também quem apitou a final da Copa do Brasil. No duelo dos dois melhores times do país, tinha que ser escalado o melhor árbitro também.

    O Santos não podia contar com o seu artilheiro, o atacante Alberto, que estava suspenso com 3 cartões amarelos. William foi quem ficou com a 9. E logo Simon apita o início da peleja, e as coisas começam a ficar piores pro time de Vila Belmiro: aos 10 segundos de jogo, Diego sente uma lesão logo após correr alguns metros e tocar uma vez na bola, logo após a saída. E não dá tempo de se lamentar, pois com 1 minuto de bola rolando, Guilherme dá uma cabeçada fatal, defendida com excelência por Fábio Costa, que passou boa parte daquele campeonato machucado, mas retornou para brilhar na fase final. Por falar em machucado, se dá a saída precoce de Diego. Em seu lugar, entra Robert.
    Aos 10 minutos, aconteceu (acredite) a primeira falta do jogo. Robert cobra na área, Alex cabeceia e é a vez de Doni praticar grande defesa. Na sequência do jogo, o que se vê são os times buscando o ataque, mas passes errados, marcações bem feitas e finalizações sem perigo não dão muita empolgação ao jogo. O melhor que se viu na sequência foi um chute de Guilherme de fora da área aos 31', que passou por cima do gol.
    Porém as características que tornaram aquele jogo histórico se desenharam passados pouco mais de 35 minutos de jogo: Renato rouba a bola e passa pra Léo, que encontra Robinho aberto pela esquerda. Ele recebe e avança de frente pro gol, até encontrar Rogério. Daí a criatividade e a habilidade de um craque permitem-lhe fazer lances que fiquem gravados para sempre. Robson de Souza, diante do marcador, ficaria a partir dali eternizado pelas suas "pedaladas": passou os pés por cima da bola 8 vezes, quando decidiu, dentro da área, escapar da marcação. Porém, Rogério põe a perna no caminho e derruba o garoto de 18 anos. Pênalti.


    Qual ângulo você prefere?

    Robinho pegou a bola e a responsabilidade. Naquele momento, não era mais um garoto, ou simplesmente um dos craques do time, mas sim o homem do jogo. A bola estava na marca da cal, Robinho se preparando para bater, Doni esperando no meio do gol. Robinho parte, pé direito na bola e GOL! Bola pra um lado, goleiro pro outro. O Santos abre o placar e o título de campeão está por pouco.
    Ao Corinthians agora resta fazer 3 gols. E o time paulistano parte pra cima. São quase 40 minutos, e Fabinho manda uma bomba que passa raspando na trave direita da meta santista. Dois minutos depois, Fábio Costa corta o cruzamento e Gil manda por cima.
    O jogo fica mais eletrizante ainda nos últimos segundos da primeira etapa: Vampeta dá um belíssimo passe para Kléber que fica cara a cara com Fábio Costa, que sai com tudo pra defender e ainda consegue chegar à lateral de campo para dar um bicão pra arquibancada. O goleiro santista volta o mais rápido que pode para a sua baliza, enquanto Kléber cobra o lateral para Gil, que no meio de dois marcadores devolve ao lateral-esquerdo. Logo depois vem o cruzamento para Guilherme, que cabeceia para mais uma defesa incrível do goleiro santista. Com três defesas de alto grau de dificuldade, surge mais um nome para ser lembrado daquele inesquecível 15/12/2002.

    Fábio Costa teve atuação decisiva na conquista do título.

    Começam então os últimos 45 minutos (mais acréscimos) da final. Seria um 2º tempo como poucos no futebol brasileiro. O Corinthians começa no ataque, mas o Santos se aproveita dos erros alheios para tentar um segundo gol que garantiria a taça. Aos 5 minutos, Léo parte na esquerda e cruza para trás, Elano ajeita de cabeça e Robinho dá um toquinho para surpreender Doni de cobertura. A bola vai por cima do gol.
    A partida alcançaria contornos ainda mais dramáticos aos 9 minutos, com uma falta próxima ao bico da área. Rogério cobra para Kléber, que ajeita de volta. O cruzamento quase sai, mas Deivid põe a bola de volta na pequena área e Guilherme deixa Gil em plenas condições de empatar a partida, porém o camisa 10 corinthiano chuta longe. Alívio para os santistas, desespero para os corinthianos.
    Aos 11', Fabinho dá um tapa na cabeça de Robert na lateral de campo. Leão, como de costume, reclama sem parar da arbitragem e cobra uma atitude do bandeirinha. Após marcar falta próxima à grande área santista, o árbitro Carlos Eugênio Simon expulsa o treinador do Santos. As coisas já não estavam tão fáceis... na cobrança da falta, Rogério chuta com força e a bola ainda dá um desvio em Paulo Almeida; mas com os reflexos em dia, a muralha santista não deixa a bola entrar. Na sequência, Rogério, o homem das bolas paradas do adversário, bate o escanteio e Fábio Costa novamente é obrigado a intervir. O lance também é marcado pela discussão ríspida entre o goleiro, o zagueiro André Luís e o volante Paulo Almeida. Novo escanteio é cobrado logo depois, e Fábio Costa de novo faz uma defesa espetacular.
    Dali pra frente o Santos não conseguia mais acertar seus ataques, só conseguia dominar o meio de campo, ao passo que o Corinthians se defendia muito bem e tentava a todo custo pôr a defesa contrária em perigo. Porém, os chutes a gol que saíam iam para todo lugar, menos para o alvo. 
    E para colocar mais ingredientes no jogo, aos 27' um torcedor santista eufórico ainda invade o gramado. Jogo parado. Logo depois, o lesionado William deixa o gramado sob gritos de "É Campeão!". A menos de 20 minutos do fim, impossível pensar que no ritmo que o jogo andava o Coringão seria capaz de reagir. Chegávamos a 30 minutos de jogo, e Gil dá um belo cruzamento para Deivid, que finalmente consegue superar a barreira imposta por Fábio Costa. O atacante rapidamente pega a bola para colocá-la no centro do gramado, e pergunta para Parreira o tempo que resta. A resposta: 15 minutos. Começavam os 15 minutos de maior sofrimento que se pode ter em um jogo de futebol.
    O tempo corria a nosso favor. Ao mesmo tempo, a defesa peixeira se fechava o máximo que podia. O Corinthians pressionava, e o jogo tinha muitas faltas no setor intermediário. Numa delas, na lateral, alguém pode ter tido um infarto, porque o cruzamento de Vampeta aos 39' incendiaria o Morumbi por intermédio de Anderson. Festa generalizada da Fiel. Até perto da minha casa, em Mongaguá, já se ouviam alguns gritos e fogos de artifício. Já não havia mais nada decidido. E pior: parecia que já tínhamos perdido. Mesmo com a vantagem de 1 gol na soma dos resultados (2x0+1x2=3x2), àquela hora o fantasma do gol no último minuto no Paulistão do ano anterior ainda nos assombrava. Uma derrota de virada, e agora o Corinthians precisando fazer só mais um gol para ser campeão. O que parecia impossível virou quase realidade, os corinthianos vibravam e sonhavam, os santistas agora viviam um pesadelo horrível, chega a ser impossível descrever mais. E só quem viu sabe.
    Pra apertar mais ainda o coração, Kléber cobra uma falta pra área, mas o cruzamento é muito mal-feito. Não dá pra imaginar que se passaram só quatro minutos. Pareciam uns quinze, vinte, mas foram só quatro minutos. Este foi o tempo que o time de camisas listradas demorou para transformar nervosismo e apreensão em alegria e festa. Tudo começou com um chutão pra frente de Doni, a bola rebatida por Alex vai parar em Renato, que toca rápido pra Robinho. O "menino-craque", segundo Galvão Bueno, passa pra Elano, que já lhe devolve a bola. O moleque habilidoso escapa do carrinho de Anderson, invade a área pela direita e centra para Elano, que põe fim ao calvário santista. Agora sim, já podíamos ter a certeza de que éramos os campeões, mas as coisas não acabaram por aí.
    O juiz também entrou no ritmo da festa. Aos quase 45', Fabrício para Alexandre num lance de extrema violência e descontrole, que só lhe rendeu um cartão amarelo. Aos 46' Léo dá um carrinho e também se livra de uma expulsão. A falta é cobrada e a zaga afasta para escanteio. Rogério o cobra e Alex tira de cabeça. Léo recebe e lança Robinho. O camisa 7 avança e encontra não só a marcação de Vampeta e Kléber, mas também a chance de exibir o futebol-arte. Ele chamou os dois corinthianos para uma dança humilhante, que não poderia acabar de outro jeito: Vampeta desarma, mas a bola sobra para Léo que avança até a entrada da área e define de pé direito, sem chances para Doni: a comemoração é pelo gol, pela bela e emocionante vitória de virada, e pelo sétimo título de campeão brasileiro, o primeiro título do Santos no século XXI, no ano do Penta.

    Não demora muito para o campo ser tomado pelos felizes torcedores santistas, que vieram saudar de perto os heróis da conquista.
    Veja a ficha técnica e vídeos com os melhores momentos deste grande jogo:
    S.C. CORINTHIANS P. 2 x 3 SANTOS F.C.
    Data: 15 de dezembro de 2002
    Local: Estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi) - São Paulo/SP
    Árbitro: Carlos Eugênio Simon
    Gols: Robinho (de pênalti) aos 37' do 1º tempo; Deivid aos 30', Anderson aos 39', Elano aos 43' e Léo aos 47' do 2º tempo.
    Cartões amarelos: Fabinho, Fábio Luciano e Fabrício (Corinthians); Maurinho, Fábio Costa e Léo (Santos).
    Corinthians: Doni; Rogério, Anderson, Fábio Luciano e Kléber; Vampeta, Fabinho (Fabrício) e Renato (Marcinho); Gil, Deivid e Guilherme (Leandro). Técnico: Carlos Alberto Parreira
    Santos: Fábio Costa; Maurinho, André Luís, Alex e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego (Robert, depois Michel); Robinho e William (Alexandre). Técnico: Émerson Leão
    Melhores momentos:






    Uma final inesquecível, um jogo antológico, um dos maiores jogos que o clássico Santos x Corinthians já viu, um dos títulos mais marcantes da história do clube. Mais uma geração dos Meninos da Vila que superou a descrença dos torcedores e calou os críticos. Superou os seus rivais e alcançou o topo do futebol brasileiro em 2002.
    Com o título, o Santos voltaria a disputar a Copa Libertadores após 19 anos.

    Robinho carrega o troféu de campeão brasileiro de 2002, conquista mais que merecida


    Fonte das fichas técnicas: http://www.bolanaarea.com/brasileirao_2002_tabela_fasefinal.htm

    sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

    Jogos históricos: Santos x Fluminense - Campeonato Brasileiro 1995



    Este maravilhoso texto do Torero refere-se a épica partida disputada em 10/12/1995 pelas semifinais do Campeonato Brasileiro:


    A maior das batalhas por Thorben Knudsen

    A Terra
    Eu estava lá. E vou contar para meus filhos. Foi uma batalha inesquecível. A batalha de Kiergard não foi mais nobre, a de Frömsted não foi mais sangrenta. Eu estava lá. E vou contar para meus filhos. Naquela tarde o vento não soprou e a Lua ficou parada no meio do céu para olhar a grande luta. Os dois exércitos se enfrentaram sobre a grama verde do verão. Mas depois da batalha o verde tornara-se vermelho, tanto foi o sangue derramado pelos combatentes. Naquele tarde não anoiteceu, porque o Sol não quis se pôr para não perder nenhum lance da grande batalha. Eu estava lá, e vou contar para meus filhos. 


    Os Homens
    Eu estava lá, e vou contar para meus filhos que, de todos os combatentes, o mais valoroso era o Homem-de-Cabelos-Vermelhos. Ninguém corria como ele, ninguém se esquivava dos golpes dos adversários como ele, ninguém matava como ele. E naquela tarde ele fez sua melhor luta. Naquela tarde, o Homem-de-Cabelos-Vermelhos, que já ídolo, quase virou Deus. Mas havia outros, havia muitos outros. Na retaguarda, como última esperança, como último homem a defender a bandeira, estava o Príncipe-de-Cabeça-Sem-Pelos, o filho do Rei. E no flanco esquerdo havia o Anão-Gigante, ágil como um coelho, esperto como uma raposa e traiçoeiro como um rato. Mas havia outros, havia muitos outros. Havia um com o nome de Galo, mas que merecia ser chamado de Tigre, outro a quem chamavam Pequeno-Carlos, mas que devia ser chamado Carlos-Gigante, e um de nome Passos, mas que dava saltos. E ainda havia Marcos, que tem o nome no plural porque aparece em vários lugares ao mesmo tempo. Eu vi todos estes homens, e vou contar para meus filhos. 


    A Luta
    A missão destes homens era quase impossível. Eles tinham que derrubar três vezes a bandeira inimiga. Não uma nem duas, mas três. Parecia impossível, mas "impossível" era uma palavra que esses guerreiros não sabiam falar (principalmente Macedo, o gago). E já na primeira metade da luta a bandeira inimiga havia ido ao chão duas vezes. O Homem-de-Cabelos-Vermelhos já havia feito parte do milagre. Houve então uma trégua. Os inimigos, vestidos de verde, se recolheram para descansar, beber água feito mulheres e orar por melhor sorte. Mas os homens de branco não. Os homens de branco ficaram no campo de batalha. Há quem diga que eles ficaram lambendo o sangue dos inimigos que havia caído pela grama, mas isso eu não vi. E o povo dos guerreiros de branco gritava e urrava. Então, na segunda metade do combate o milagre aconteceu por completo. Mesmo com menos homens, o exército de branco derrubou mais uma vez a bandeira inimiga. E outra, e mais uma. E no final da luta a bandeira dos homens-de-verde já havia caído cinco vezes. E quando a guerra acabou o povo de branco andava de joelhos, se abraçava e se beijava. Homens que não se conheciam cumprimentavam-se como irmãos e cantavam hinos de guerra. E os guerreiros foram para o meio do campo da batalha e deram-se as mãos. Então o Homem-de-Cabelos-Vermelhos ficou no meio do círculo e levitou até a altura de um pinheiro. E seus cabelos pegaram fogo e só então, com inveja, o Sol se pôs. Eu estava lá, e vou contar para meus filhos.

    JOSÉ ROBERTO TORERO, jornalista da Folha de São Paulo, santista de coração.



    Aconteceu há exatos 15 anos. Aquele 10/12/1995 ainda estará marcado nas lembranças de muitos torcedores, até mesmo aqueles que não presenciaram tal epopéia. Não é meramente por causa do placar, afinal um 5x2, mesmo num time forte como o Fluminense campeão carioca naquele ano, não seria algo tão digno de atravessar anos e quem sabe gerações. Inclusive dá para dizer que aquele jogo talvez tenha marcado mais que a própria final, mais lembrada pelos erros decisivos da arbitragem do que pela partida em si.
    O jogo é considerado uma das maiores viradas não só do Santos Futebol Clube como talvez do futebol brasileiro. E pelo fato de termos mais história para contar deste confronto do que às vezes de um campeonato inteiro, este post será dedicado à épica semifinal do Campeonato Brasileiro de 1995, na qual o Peixe eliminou o Tricolor Carioca quando tudo já parecia impossível.



    O Campeonato:

    Em 1995, o Campeonato Brasileiro era composto por 24 clubes. Na fase inicial, os times eram divididos em dois grupos de 12 times, jogando todos contra todos em dois turnos: no primeiro turno, os times jogavam entre si dentro de seus grupos, e as equipes que terminassem em primeiro lugar nos respectivos grupos garantiam uma vaga na semifinal. No segundo turno, os adversários eram os times do outro grupo, e os clubes que terminavam em 1º no grupo se classificavam também as semifinais. Os cruzamentos das semifinais ocorreram entre os times que estavam no mesmo grupo.
    O Peixe entrou no Grupo B e durante o 1º turno, o Santos não se saiu tão bem, terminando como o 3º colocado do grupo, com 19 pontos, contra 21 do líder Fluminense, que se classificou por ter 1 gol a mais de saldo do que o vice-líder Internacional. Já no 2º turno, o Alvinegro praticou uma campanha impecável, com 8 vitórias e somente 1 derrota em 12 jogos. Terminou em primeiro, com 27 pontos, se tornando o adversário do Flu nas semifinais. No Grupo A, os classificados para a outra semifinal foram Cruzeiro e Botafogo.
    Ao mesmo tempo, o time que fizesse a pior campanha do seu grupo somando os dois turnos era rebaixado à Segunda Divisão. Assim o Paysandu (pelo Grupo A) e o União São João (Grupo B) que sofreram o descenso.

    O time de melhor campanha se tornava o mandante do jogo de volta das semifinais e também tinha a vantagem do empate no placar agregado da fase. O clube carioca havia somado 34 pontos na 1ª fase, enquanto o Santos totalizou 46 pontos nos mesmos 23 jogos, ou seja, um aproveitamento de 66,7% que foi não só o melhor do grupo como o melhor entre todos os clubes do campeonato. O alvinegro praiano também tinha o melhor ataque da competição, com 44 tentos assinalados. Assim, obviamente, o Peixe tinha uma merecida vantagem sobre o time verde, grená e branco.


    O primeiro jogo:

    A primeira partida entre os dois times estava marcada para o dia 7 de dezembro, uma quinta-feira, no Maracanã; o Fluminense tinha o fator casa a seu lado. Enquanto os paulistas tinham a seu lado Giovanni, que vinha dando show em várias partidas do campeonato, o Fluminense tinha um jogador experiente a seu favor: o atacante Renato Gaúcho, que havia decidido com seu famoso gol de barriga a final do Campeonato Carioca do mesmo ano, contra o arquirrival Flamengo.
    Pouco mais de três meses antes, Flu e Santos tinham se enfrentado no mesmo Maracanã, com vitória dos cariocas por 1x0. Assim, era fácil imaginar que o jogo teria um placar apertado, da mesma maneira que não havia como apontar um favorito à vaga na final do Brasileirão. Aí sim, fomos surpreendidos novamente...

    O Santos começou melhor o primeiro tempo, criando mais chances, até que numa infelicidade da defesa do time da casa, Giovanni tabelou na área e tocou na saída do goleiro Wellerson, inaugurando o marcador. O placar pré-intervalo dava uma confortável situação aos santistas. Dava. A segunda etapa começou e o Fluminense veio arrasador. Logo aos 5 minutos, Aílton bate escanteio e a bola sobra para o artilheiro Renato colocar no fundo das redes. Mais tarde a virada sai, com um gol de pênalti de Ronald. A essa altura o Santos era obrigado a vencer o jogo de volta, o que estava naturalmente dentro de qualquer possibilidade, uma vez que o Peixe jogaria diante de sua torcida.
    As coisas daí pra frente só pioraram: os santistas Jamelli e Robert foram expulsos e, com dois a menos, a representação tricolor passou a mandar no jogo. Ciente da oportunidade que tinha, o técnico Joel Santana não abriu mão da ofensividade e trocou o "pendurado" zagueiro Sorley pelo centroavante Gaúcho. Só pressão por parte dos cariocas, concretizada em gol aos 45 minutos, graças a Leonardo, que aproveitou rebote de Edinho. O que já era ruim ficou pior: logo depois, Cadu dribla o arqueiro santista para acabar a partida em goleada. Um desastre inacreditável.

    Confira a ficha técnica do jogo:

    FLUMINENSE F.C. 4 x 1 SANTOS F.C.
    Data: 7 de dezembro de 1995
    Local: Estádio do Maracanã - Rio de Janeiro/RJ
    Árbitro: Antônio
    Gols: Giovanni no 1º tempo; Renato Gaúcho (5'), Ronald (de pênalti), Leonardo (45') e Cadu no 2º tempo
    Cartões amarelos: Sorley (Fluminense) e Giovanni (Santos)
    Cartões vermelhos: Robert e Jamelli (Santos)
    Fluminense: Wellerson; Ronald, Lima, Sorley (Gaúcho) e Cássio; Vampeta, Otacílio, Aílton e Rogerinho (Leonardo); Renato Gaúcho e Valdeir (Cadu). Técnico: Joel Santana
    Santos: Edinho; Marquinhos Capixaba (Macedo), Narciso, Ronaldo Marconato e Marcos Adriano; Gallo, Vágner, Robert, Marcelo Passos (Pintado) e Giovanni; Jamelli.
    Vídeo: 


    Santos, o time da virada! | Reação fantástica | Missão impossível cumprida | Jogo de tirar o fôlego | Escrevendo mais uma página de glórias na história:

    Para falar deste jogão cabem vários títulos. Você pode escolher qualquer um deles, ou acrescentar uma denominação diferente. É um daqueles momentos no qual, mais do que nunca, temos orgulho de ser santista.
    E, mesmo com a classificação praticamente garantida ao Fluminense, mais de 28 mil torcedores foram ao Pacaembu ainda acreditando que era possível. Não se arrependeram...

    O Santos, para chegar à final, precisava derrotar o Fluminense por pelo menos três gols de diferença, algo quase impossível. As coisas conspiravam contra o glorioso alvinegro praiano, a começar pelo retrospecto dos confrontos entre os dois times: nunca o Santos havia vencido o Flu por mais de dois gols de diferença em campeonatos nacionais. O Fluminense também não tinha perdido por placares assim durante o ano todo. Em resumo, um resultado feliz para o Peixe contrariava a lógica. Além disso, o Santos não podia contar com os titulares Robert e Jamelli, suspensos.
    O elenco, por incrível que pareça, não se abateu e acreditou que era possível reverter o placar construído pelo time carioca apenas três dias antes. Sim, o jogo de volta estava previsto para acontecer no dia 10 de dezembro de 1995, apenas três dias depois do 4x1 que culminou com uma festa dos torcedores adversários no Rio.
    É nessas horas que se conhece a capacidade de um time. Nessas horas que jogadores saem dos gramados para a história. Foi neste jogo que um certo camisa 10 de 23 anos, cabelos vermelhos e 1,90 m de altura se firmaria como o maior ídolo santista daquela geração. Se Giovanni Silva de Oliveira era o artilheiro e considerado o melhor jogador do Santos F.C. naquele Brasileirão, naquele fim de tarde de domingo ele se eternizaria como o Messias.
    G10vanni busca a bola após converter o pênalti que abriu as portas para a heróica goleada santista.

    Claro que não foi só o meia-atacante que teve uma atuação memorável: ele sintetizou a garra e a técnica que jogadores como Macedo, Camanducaia, Marcelo Passos, Marcos Adriano, Gallo, Capixaba e outros desempenharam para que o sonhado placar se transformasse em realidade.
    Veja só a seguir o vídeo com o início da transmissão pela Rede Globo do jogo histórico. Sinta o calor da torcida e um pouco da expectativa pela decisão que seguiria dali pra frente:

    Você também poderá saber quem foram os 11 guerreiros santistas que adentraram o campo na voz de Galvão Bueno. Os nomes dos massacrados também aparecem no vídeo abaixo:


    Enfim, podemos enfim falar do grande jogo. A bola rolava no Pacaembu e logo nos primeiros minutos, o Santos era todo ataque, obrigando o goleiro tricolor Wellerson a trabalhar. Pouco mais tarde, Renato Gaúcho tem uma chance de ouro de abrir o placar e matar de vez as chances santistas de classificação. Porém, ao que parece, o atacante do Flu "pipoca" e demora para chutar; no momento da conclusão, Marcos Adriano dá um carrinho e evita o gol. O tempo corria a favor do Fluminense, e passaram-se 25 minutos até Camanducaia receber lançamento e entrar na área pela esquerda e fazer o lateral Ronald se atrapalhar todo; o camisa 11 avançou até ser derrubado por Otacílio. Pênalti!
    E a cobrança parece, para quem tem uma memória fotográfica (ou melhor, cinematográfica), um replay, uma cobrança clássica eternizada por outros jogadores que vestiram o mesmo manto sagrado: pé direito, de chapa, bem batido no canto esquerdo do goleiro, que quase alcança a bola. Assim Dalmo marcou o gol que valeu o bicampeonato mundial em 1963. Assim Pelé marcou em 1969 seu milésimo gol. Assim Giovanni abriu caminho para um importantíssimo resultado.
    A torcida já sabia que "impossível" não existia. Empurrou o time pra cima. Aos 29 minutos, de novo a figura de Giovanni se destaca. Carlinhos avança pelo meio e toca para o camisa 10. Era de se esperar uma tabela, mas o craque põe a bola na frente e rapidamente define, de bico logo na entrada da área, no exato momento em que um tricolor aparecia com um carrinho, a esta altura inútil: a bola vai pelo alto, à esquerda do goleiro, que não consegue reagir e apenas assiste a um milagre se concretizando. O Santos já faz 2x0, e o placar agregado já apontava 4x3 para o Fluminense... só faltava mais um!
    A fúria dos guerreiros santistas se fazia sentir em certos momentos. Uma raça fora do comum pôde ser observada quando Marcos Adriano voa para salvar uma bola que Edinho já havia defendido e que sairia pela linha de fundo. Mas quem frearia a vontade daqueles jogadores?
    Quase que o gol da classificação saiu ainda no 1º tempo. Duas bolas na trave e uma cobrança de Marquinhos Capixaba que passou muito perto mostrariam que os 45 minutos seguintes não seriam muito diferentes do que se viu até então. O árbitro Sidrack Marinho apitou o fim da 1ª etapa, dando uma pausa no ritmo alucinante da partida.

    O que se viu no intervalo foi algo completamente diferente: enquanto os jogadores do Fluminense seguiam ao vestiário como se procede normalmente, os homens de branco permaneceram no gramado, com o objetivo de sentirem o calor da torcida que acreditava na reação que se desenhou na primeira metade de jogo. A energia captada da torcida renderia um segundo tempo emocionante.

    Enfim começa a segunda metade do jogo. Continua o show de Giovanni e da equipe alvinegra. Aos 5 minutos, Marcelo Passos recebe um presente do adversário e rola pra G10vanni, que rapidamente rola para Macedo que, dentro da área, se livra do marcador e chuta no meio do gol, o suficiente para derrotar o mal-posicionado Wellerson. A missão impossível já estava concretizada: Santos 3 x 0 Fluminense.
    Mas é claro que as coisas não seriam assim tão fáceis. Imediatamente após o gol da classificação momentânea do Santos, sai uma falta a favor dos visitantes. A bola é alçada na área, e após disputas no alto e no chão, sai a finalização no travessão, e o rebote sai na cabeça do meia Rogerinho, que desconta o placar, dando agora a classificação ao Flu. A partida agora passava a ter contornos cada vez mais dramáticos...
    A espera pelo quarto gol não foi tão longa: apenas nove minutos se passaram até Capixaba dar um lançamento para Giovanni. Este, numa inspiração única, avançou em velocidade máxima diante do estabanado Alê, que perto da área, erra a bola e chuta por trás a perna de Giovanni. O camisa 10 parecia imune à dor, pois chegou a linha de fundo e só parou diante do goleiro; na sequência, a bola rebate e cai no meio da pequena área. O dia era mesmo alvinegro, pois a bola veio de presente pra Camanducaia que disparava por ali e concluiu para o gol vazio. O atacante ainda saiu em comemoração ao redor da bandeirinha de escanteio, enquanto o homem-de-cabelos-vermelhos ainda vibrava pelo tento, e desabava em virtude do golpe recebido quando a bola ainda rolava. Sim, ele era humano. Àquela altura, os times estavam quites: 4x1 pro Fluminense no Rio, 4x1 pro Santos em Sampa. Melhor para nós, que tínhamos a vantagem de tal empate.
    A expulsão de Ronaldo era a esperança do time carioca, porém o Peixe continuou com força máxima, resistindo ao adversário. O tempo, que tinha tudo para ser inimigo, virou nosso aliado. E quem antes era confiante, virou desesperado. O Fluminense, por mais que tentasse chegar ao ataque, não conseguia cumprir o objetivo de conseguir o sonhado gol de classificação, ameaçando pouco a meta santista. Assim, aos 37 minutos, foi dado o golpe de misericórdia: Giovanni (sempre ele) estava cercado por três, mas ele viu a passagem de Marcelo Passos e tocou de calcanhar, de maneira desconcertante. O passe foi perfeito, e ainda deu tempo do camisa 9 ajeitar e mandar uma bola perfeita, com curva, sem chance alguma para Wellerson. A classificação à final, com o 5x1, era mera questão de tempo.
    Pena que o tempo não passou muito, e o coração novamente apertou logo aos 39', quando numa bola alçada à área, a defesa do Santos dá bobeira e aparece novamente Rogerinho, que vira e chuta cruzado no canto esquerdo do Filho do Rei, diminuindo a goleada. Mesmo assim, o placar ainda favorecia o Peixe.

    Mesmo com a tentativa de pressão do Fluminense, não deu mais tempo. O árbitro apita o fim de jogo e só restou aos atletas comemorar a vitória heróica.

    Confira a ficha técnica do jogo histórico:

    SANTOS F.C. 5 x 2 FLUMINENSE F.C.
    Data: 10 de dezembro de 1995
    Local: Estádio Paulo Machado de Carvalho (Pacaembu) - São Paulo/SP
    Árbitro: Sidrack Marinho dos Santos
    Cartões amarelos: Marcos Adriano, Ronald, Carlinhos e Aílton
    Cartão vermelho: Ronaldo Marconato
    Gols: Giovanni aos 25' (de pênalti) e aos 29' do 1º tempo; Macedo aos 5', Rogerinho aos 7', Camanducaia aos 16', Marcelo Passos aos 37' e Rogerinho aos 39' do 2º tempo.
    Santos: Edinho; Marquinhos Capixaba, Narciso, Ronaldo Marconato e Marcos Adriano; Carlinhos, Gallo, Giovanni e Marcelo Passos (Pintado, depois Marcos Paulo); Camanducaia (Batista) e Macedo. Técnico: Cabralzinho
    Fluminense: Wellerson; Ronald, Lima, Alê (Gaúcho) e Cássio; Vampeta, Otacílio, Aílton e Rogerinho; Renato Gaúcho e Valdeir (Leonardo). Técnico: Joel Santana
    Vídeo:




    O vídeo abaixo contém reportagens da época, e uma delas fala sobre o inacreditável intervalo de jogo em que os heróicos jogadores permaneceram no gramado; além, é claro, dos melhores momentos da peleja:




    Com este resultado, o Santos conseguiu chegar à final do Campeonato Brasileiro de 1995, contra o Botafogo, que empatou os dois jogos contra o Cruzeiro. Não há dúvidas que o Alvinegro da Vila Belmiro merecia ser o grande campeão aquele ano...



    Fontes:
    http://201.7.184.25/campeonatos/campeonato-brasileiro/1995/12/07/fluminense-4-x-1-santos
    http://joserenato.midiasemmedia.com.br/?p=1421
    http://www.rsssfbrasil.com/tablesae/br1995.htm